sexta-feira, 11 de julho de 2008

Into the wild?

Eu não sei... Às vezes me sinto tão... desgostosa. Fico pensando até onde a sociedade e seus valores direcionam minha vida. A resposta eu não sei, mas acredito que seria algo parecido com: até você trabalhar em algo que você não gosta apenas para ganhar dinheiro.
Me formei em Letras. É sabido que não fiz esse curso para dar aula (embora eu goste muito de dar aula – em especial para crianças!), mas sim, pela minha admiração por literatura. E aqui estou: trancafiada em uma sala cinza, com móveis cinzas, cortina cinza, computadores cinzas e parede cinza (cinza de sujeira, mas ainda assim, cinza). E tenho notado que eu também estou me tornando cinza. Eu sempre prometi a mim mesma nunca chegar a tal ponto. Sim, eu sei, é algo temporário, preciso juntar dinheiro para poder concretizar meus planos, para ir para o lugar que eu quero, estudar o que eu quero, viver como eu quero, com a pessoa que eu quero. Isso vai passar, vai melhorar, vai acabar. E assim vou repetindo, enquanto meus dias se repetem... Vai passar... Vai passar... Vai passar...


it's a mistery to me
we have a greed
with which we have agreed
you think you have to want
more than you need
until you have it all you won't be free
society, you're a crazy breed
i hope you're not lonely without me
when you want more than you have
you think you need
and when you think more than you want
your thoughts begin to bleed
i think i need to find a bigger place
'cause when you have more than you think
you need more space
society, you're a crazy breed
i hope you're not lonely without me
society, crazy and deep
i hope you're not lonely without me
there's those thinking more or less less is more
but if less is more how you're keeping score?
means for every point you makeyour level drops
kinda like its starting from the top
you can't do that...
society, you're a crazy breed
i hope you're not lonely without me
society, crazy and deep
i hope you're not lonely without me
society, have mercy on me
i hope you're not angry if i disagree
society, crazy and deep
i hope you're not lonely without me

[Eddie Vedder]


domingo, 6 de julho de 2008

Meus cumprimentos, ‘Mr. Crowe’!


Semana passada assisti Elizabethtown novamente e, pensando no filme, resolvi escrever algo sobre Crowe. Acredito que nunca admirei tanto o trabalho de um diretor. Não há um só filme não tenha superado minhas expectativas. Seu trabalho retrata toda complexidade do ser humano de maneira sem igual... O primeiro filme que assiti foi, como provavelmente o primeiro (ou único) da maioria das pessoas, o remake de Abre los Ojos, o qual eu já havia assistido. Embora há quem diga que há um quê de marketing, deveras fiquei mais satisfeita ao assisti-lo do que havia ficado com o filme original (e esse fato foi o que me levou a querer conhecer toda a sua obra). Fiquei admirada com as melhorias não apenas no roteiro, mas também no próprio filme (o que seria talvez até uma covardia citar, mas enfim...).
Sem falar nas excelentes trilhas sonoras (sempre por ele escolhidas). Apesar de gostar de todas, arrisco dizer que as mais interessantes seriam a de Vanilla Sky (R.E.M., Bob Dylan, Radiohead, Sigur Rós, Paul McCartney, Peter Gabriel, Jeff Buckley) e a de Singles (Pearl Jam, Soundgarden, Chris Cornell, Mudhoney, Alice in Chains, Mother Love Bone, Smashing Pumpkins – destacando que o grunge estava no seu auge).

Segue a lista dos filmes por Crowe dirigidos (em ordem de preferência minha, claro):
  • Say Anything... (Digam o que quiserem) - 1989
  • Vanilla Sky (Vanilla Sky) - 2001
  • Almost Famous (Quase famosos) - 2000
  • Singles (Vida de solteiro) - 1992
  • Jerry Maguire (Jerry Maguire - A grande virada) - 1996
  • Elizabethtown (Tudo acontece em Elizabethtown) - 2005



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Cameron Crowe
Diretor, roteirista e crítico da Rolling Stone.
Nascido em 13 de julho de 1957, em Palm Springs, California.


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quarta-feira, 25 de junho de 2008


Desperta de uma letargia,
Seguindo em sublime sintonia
Ao seu lado, perfeita companhia,
Não mais sinto o pesar do dia-a-dia,
Não mais vivo infinda melancolia...
De repente tudo é alegria.
A vida sempre me foi grata, todavia,
O que sem sua presença não percebia,
Por andar sempre vazia,
Necessitando de algo que não sabia.
E eu nunca diria,
Nem mesmo sob a mais forte euforia,
O quão feliz eu seria.

domingo, 18 de maio de 2008

-mente

Não aleatoriamente presente
Completamente urgente
Incansavelmente a gente

(...)
Simplesmente Vicente
Indefinidamente.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Anonimato

Quando o astro-rei extravagante estendia seus braços a fim de apanhar a última réstia da noite, brotavam na rodoviária crianças pouco crescidas, filhas do sol, mostrando suas qualidades ou a falta delas para os passantes atônitos que raramente ousavam prestar atenção ao seu redor. Algumas dançavam frevo, maracatu ou qualquer dança típica da sua terra natal, outras, que nem cegas eram, fingiam sê-lo para atrair compaixão e tocavam sanfona ou acordeão; as que não tinham paciência, passeavam com canivetes ou pedaços de pau. São seres anônimos e, às vezes, invisíveis!
Mas, em meio a toda essa balbúrdia, havia um raio de luz, a esperança, a meiguice: havia Duda! Em Duda reinava a jovialidade, a simplicidade e a disposição em amparar a todos que necessitavam. Com apenas 10 anos, concedia conselhos aos mais velhos de lá. Diziam que tinha sido Duda quem tirara Tiãozinho das drogas e que, por ela, várias crianças aposentaram seus instrumentos de ataque.
De todos que lá tentavam a vida, era Duda quem mais demonstrava perseverança. Proclamava aos ventos que um dia sairia daquele meio num carro prateado, grande e formoso, e iria para o Rio de Janeiro. Dizia que seria famosa e seu nome estaria nos jornais.
Vendia balas e pirulitos sem dar atenção à imoralidade de alguns. Quando chovia, preocupava-se em guardar os objetos de venda, seus e alheios, para que não fossem estragados, e ficava sempre ensopada; e, ao sair do sol, chamava todos com entusiasmo, demonstrando uma feição de ternura e deslumbramento, para verem o arco-íris... Aquela graciosa visão lhe salvava o dia, por pior que pudesse ter sido.
Dos freqüentadores da rodoviária, realmente era ela quem mais merecia ter saído daquele sofrimento. Duda mantinha amizade com todos, não brigava, pedia desculpas mesmo isenta de culpa. Uns diziam que era um anjo, alguns, que era iluminada, enquanto outros apenas a invejavam.
Num dia quente, ensolarado, Duda saiu bem disposta para mais um dia na rodoviária. Ao atravessar a rua, a caminho do seu ponto de venda, um ônibus com destino ao Rio de Janeiro tentou frear; mas foi em vão.
Sonhos dourados na lama, esperanças ao léu, um broto de vida que não floresceu. E não saiu nem no jornal...

sábado, 12 de janeiro de 2008

Efemeridade Cotidiana

Quarta-feira e aquele sol de rachar só fazia aumentar a fila no Juca.
Hummm... nada como um bom caldo de cana pra refrescar... E quanta cana tem aí... Deve vir do nordeste, lá tem tanta cana... O pior é que são crianças que trabalham no canavial. Nossa... Enquanto aqui tem um monte de adulto que nem mesmo trabalha, parasitando na cana que eles cortam, eles estão trabalhando, de sol a sol. Não devem ir à escola (pelo menos a maioria) e portanto não sabem ler, escrever, talvez nem saibam falar; essa gente já fala tudo errado, imagina sem estudar. Eles não brincam, não se divertem, só trabalham. E as famílias, então? São grandes, enormes, justamente para ter mais gente trabalhando, levando o pão pra casa; o sustento pra eles é muito difícil.
Como esta vida é injusta! Tantos têm tudo e uns não têm nada. É este país que não vai pra frente, os políticos só ajudam a piorar. E esse Mensalão agora... Só se sabe falar em CPI, Roberto Jefferson, Marcos Valério...
Não tá certo, não mesmo! E quem precisa de ajuda? As pessoas fingem que se importam, umas talvez até se preocupem um pouco, mas logo esquecem. É um mundo distante. Mas é absurdo! Isso tem que mudar! Onde já se viu, são nossas crianças, nosso futuro, futuro da nossa pátria! São vidas sendo desperdiçadas, talentos perdidos. Além disso, é crime e todo mundo sabe, mas ninguém prende ninguém, tapam o sol com a peneira.
- Um, por favor.
Por que será que eles não se revoltam? Será que não tem ninguém que possa ajudar? E os pais dessas crianças, como podem permitir esse disparate? E o povo reclama que essa situação não muda. Claro que não muda, como vai mudar se ninguém faz nada para que isso aconteça? Se somos um país subdesenvolvido é porque nem todo mundo faz a sua parte, não reconhecem os direitos de um cidadão, só vêem o próprio umbigo. O que mais me incomoda é a hipocrisia em que o brasileiro vive. Ouve hipocrisia, fala hipocrisia, sente hipocrisia, respira hipocrisia. Isso não é vida, meu Deus! Imagino meu filho no lugar dessas pobres criaturas. Se as pessoas imaginassem isso, sentiriam o horror que estou sentindo e aí então, quem sabe, seria um passo para o fim desses abusos.
- Aqui está.
Será que o governo não pensou em nenhuma proposta pra acabar com essa escravidão? Não é possível que entre tantas pessoas ninguém se importe.
- Doutor! Como vai?
- Tô indo pro escritório, vamos? Essa garapa tava uma delícia, preciso vir mais vezes.

(situe-se: algum mês de 2005)

domingo, 6 de janeiro de 2008

Sedestre

Sente-se.
Sente minha sinestesia...
Sinto cada sentido seu.
Sento-me ao seu lado
E sei que sente
O que recíproco é sentido.
Sentido tem tudo que sinto,
Sendo que sei,
Sempre seguiremos.
E será sentido.
E terá sentido.
E não somente por termos sentidos...


quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Another song about my discontent

Eu queria que houvesse ao menos um motivo...
Motivo qualquer plausível a mim mesma.
Motivo para querer acordar. Ou não querer.
Motivo para sorrir e, é claro, motivo para chorar, pois chorar desmotivada já não cabe mais.
É quase como desejar que pudesse existir uma metáfora suficiente para explanar todo esse paradoxo.
E fazer da metalingüística uma desculpa para não dizer o que não sutilmente sinto.

"(...)With metaphors like closet doors that won’t open
And you can use your list of words that rhyme with ’opulent’
Now someone said that you should throw in ’malcontent’
Maybe somebody can tell us where the liquor went
And we can raise our glasses while they raise our rent
And search for a solution that’s more permanent
But there isn’t any doctor or a medicine
That’s gonna make you feel less insignificant(...)"

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

I'm not that political though

A história política do Brasil segue de fundo moldada pelos mesmos protagonistas, talvez porque o ingresso de políticos desvinculados ao meio dominante implicaria em concorrência, ameaçando os dirigentes que se julgam suseranos. Certos partidos não se abrem à sociedade civil e assim se privam de civis competentes em suas chapas. Entretanto, a própria história nos mostra que ao povo brasileiro não foi dado o direito de discutir ou tratar de política como parte de uma cultura social. Mesmo com as evoluções que se procederam após o golpe militar de 64, notamos que o brasileiro não é talhado para a política pela sua própria formação.
Não temos precedente de golpes de governo ou de destituição de governante, exceto raríssima exceção. Embora, aparentemente, observe-se uma evolução, esta não pode ser encarada como fundamento a ponto de dizer que profundas alterações políticas aconteceram em nosso meio social.
A mudança ocorre como sendo de fachada, permanecendo no poder herdeiros ou sucessores de políticos anteriores, o que vem a demonstrar que não houve alteração alguma. É ululante que a renovação da classe política deveria ser contínua. Se os mesmos governam cidades, estados ou o país e os problemas sociais pululam na sociedade, a questão não corresponde apenas a quem vive em meio ao caos, mas a quem a ele assiste.
A reeleição é também muitas vezes nociva, pois acomoda o brasileiro, uma vez que é mais fácil votar em quem já está no alto ao invés de estudar os candidatos e suas idéias e considerar uma nova possibilidade de governo.
A solução é a movimentação democrática dentro de cada partido; a ascensão política deve resultar de discussão e voto de todos que os compõem. Sendo feita a renovação interna, a população estará apta a democratizar a renovação como um todo, tendo em vista que não basta que sejam eleitos outros presidentes, governadores, prefeitos, vereadores, deputados; algumas vezes é necessária a renovação partidária para que sejam implantadas novas experiências, idéias e formas de política.
O Brasil não obterá progresso enquanto sua orquestra for regida pelo mesmo maestro, guiando os mesmos músicos, que tocam os mesmos instrumentos.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

(no title)

Tem dias em que a solução mais apta para suportar a lentidão na qual a vida se baseia parece ser a procrastinação da dor, do pensamento e, principalmente, da realidade.
É estranho como ilusioriamente tudo parece se basear em fatos que nos desagradam. Acredito que algumas pessoas atingem um estágio em que fica realmente difícil algo ser considerado deveras agradável.
Eu algumas vezes tenho me encontrado nesse estágio. É estranho sempre buscar algo que não está ao seu alcance, e aí você luta pra conseguir o que quer. E o pior de tudo é que muitas vezes consegue, aumentando assim a vontade de algo novo. Como se a vida nunca bastasse por si só. Como se você não se bastasse.
O fato é algo está faltando, algo não se encaixa. E eu sei bem o que é. ou acredito saber. Mas não há nada a fazer quanto a isso no momento, sendo, portanto, necessárias algumas distrações. E ando tão distraída que já nem sei mais o que é distração e o que é vital. Como se você fosse o ser mais impotente dantes aqui vivido.
É sempre assim que a vida segue. E quando você decide girar... o mundo pára.

"Tem dias que a gente se sente um pouco talvez menos gente. Um dia daqueles sem graça, de chuva cair na vidraça... Um dia qualquer sem pensar, sentindo o futuro no ar, o ar carregado... sutil! Um dia de maio ou abril. Sem qualquer amigo do lado, sozinho, em silêncio, calado, com uma pergunta na alma: por que nessa tarde tão calma o tempo parece parado?"